Esta pesquisa tem como tema as relações entre a restrição espacial e de acesso a recursos naturais historicamente vivenciadas pelos moradores de uma Comunidade composta por índios Macuxi e Wapichana, localizada em paisagem de savana em Roraima, suas estratégias de subsistência e seu perfil antropométrico. Consistiu de um estudo de caso em Ecologia Humana sobre o tema da adaptabilidade humana, desenvolvido a partir de pesquisa documental e de campo. A pesquisa está teoricamente fundamentada em diferentes contribuições que tratam dos estudos sobre interações humano-ambiente, além daquelas destinadas a discutir adaptabilidade humana no contexto amazônico. Como resultados, identificou-se que a população pesquisada desenvolveu estratégias de adaptabilidade necessárias à sobrevivência em condições socioambientais hostis, marcadas por fatores limitantes que operam em escalas micro e macroestruturantes. O impacto biocultural destas restrições desencadeou respostas adaptativas nesta Comunidade, em dimensão coletiva, doméstica e individual. Na dimensão coletiva, a maior parte das respostas adaptativas decorreu da incorporação de indivíduo externo ao grupo por meio de união conjugal com mulher do Anzol, o que trouxe diversas melhorias para todos e reverteu o processo de restrição espacial progressiva. Na dimensão doméstica, ocorreu o aumento do ingresso de recursos monetários oriundos de programas sociais e, consequentemente, o maior consumo de ailmentos industrializados, o que caracteriza um dos aspectos da transição nutricional. Na dimensão individual, contam o aumento do consumo de alimentos cultivados localmente e a pressão sobre instituições de direitos coletivos e defesa de direitos indígenas para a obtenção de melhores condições de saúde e para a demarcação de maiores extensões de terras, para que haja melhores condições nutricionais para cada um dos atuai e futuros moradores do Anzol. A despeito das estratégias de adaptabilidade desenvolvidas para fazer frente às restrições socioambientais macro e microestruturantes, foram identificados riscos para o desenvolvimento e a saúde destes índios

This research discuss the relations between the spatial restraint and of access to natural resources historically experienced by the inhabitants of a community composed of Macuxi and Wapichana indians, located in a savanna landscape in Roraima, their subsistence strategies and their anthropometric profile. It consisted of a case study in Human Ecology on the subject of human adaptability, developed from documentary and field research. The research is theoretically based on different contributions that deal with studies on human-environment interactions, besides those aimed at discussing human adaptability in the amazonian context. As results, it was identified that the researched population developed strategies of adaptability necessary for survival under hostile socioenvironmental conditions, marked by limiting factors that operate at micro and macrostructuring scales. The biocultural impact of these restrictions has triggered adaptive responses in this community, in collective, domestic and individual dimension. In the collective dimension, the majority of the adaptive responses resulted from the incorporation of an individual external to the group through a conjugal union with an Anzol woman, which brought several improvements for all and reversed the process of progressive spatial restriction. In the domestic dimension, there was an increase in the inflow of monetary resources from social programs and, consequently, the higher consumption of industrial food, which characterizes one of the aspects of the nutritional transition. In the individual dimension, they count on the increase of the consumption of locally grown food and the pressure on institutions of collective rights and defense of indigenous rights to obtain better health conditions and for the demarcation of greater extensions of land, so that can reach better nutritional conditions for each of the current and future residents of Anzol. Despite the adaptability strategies developed to deal with socio-environmental constraints, risks to the development and health of these Indians were identified