Esta tese tem como objetivo investigar como a adoção do sistema Toyota/lean provoca transformações em processos comunicacionais de organizações que efetuam essa troca de modelo de gestão. Parte do pressuposto de que a Toyota - no decorrer de sua trajetória e por causas diversas, culturais, econômicas, sociais e específicas dos fundadores da empresa - desenvolveu um sistema de gestão (chamado hoje, também, de sistema lean) distinto dos sistemas tradicionais, com raízes tayloristas, fordistas, burocráticas, advindas da produção em massa. Trata-se de um modelo que exige bases comunicacionais distintas da gestão tradicional. Então, essas organizações que adotam esse modelo podem ter profundas transformações comunicacionais, sobretudo na comunicação interna. Assim, a fundamentação teórica foi realizada com base em conceitos sobre organização, gestão, gestão e comunicação, comunicação e relacionamento organizacional, e gestão Toyota/lean. A pesquisa de campo adotada, com abordagem qualitativa, foi baseada em entrevistas semi-estruturadas com especialistas e com colaboradores de empresas que estão vivenciando essa transformações, além de estudos de casos realizados, principalmente, em duas companhias brasileiras que estão adotando o sistema Toyota/lean e tendo profundas transformações comunicacionais: o Instituto de Oncologia do Vale (IOV) e o Grupo Wolpac. O estudo mostra que a adoção do sistema Toyota/lean pode provocar mudanças profundas em processos de comunicação, o que desloca a comunicação organizacional tradicional para outros eixos de mentalidade e operação. O estudo conclui que o sistema Toyota/lean pode desenvolver na organização um novo modelo de comunicação organizacional, um modelo que esta tese denomina de "comunicação engajada". Esse modelo é formado, em resumo, por cinco estruturas básicas: a comunicação totalmente focada na busca, revelação, análise e solução de problemas; o uso intensivo do diálogo presencial, aberto, livre, democrático e transparente no gemba; a gestão visual focada em revelar problemas; o respeito pelas pessoas (suas visões, relatos e vivências) e um relacionamento distinto do tradicional entre líderes e liderados, baseado não mais no poder hierárquico, mas no compartilhamento engajado de ideias e experiências.

This thesis aims to investigate how the adoption of the Toyota/lean system causes transformations in communication processes of organizations that make this change of management model. Based on the assumption that Toyota - in the course of its history and due to diverse cultural, economic, social and specific causes of the founders of the company - has developed a system of management (now called lean system) with Taylorist, Fordist, bureaucratic, roots of mass production. It is a model that requires different communication bases from traditional management. So, these organizations that adopt this model can have profound transformations of communication, especially in internal communication. Thus, the theoretical basis was based on concepts about organization, management, management and communication, communication and organizational relationship, and Toyota/lean management. The field research adopted, with a qualitative approach, was based on semi-structured interviews with specialists and collaborators of companies that are experiencing these transformations, as well as case studies carried out mainly in two brazilian companies that are adopting the Toyota/lean system and having deep communication transformations: Instituto de Oncologia do Vale (IOV) and Grupo Wolpac. The study shows that adopting the Toyota/lean system can lead to profound changes in communication processes, which shifts traditional organizational communication to other axes of mindset and operation. The study concludes that the Toyota/lean system can develop in the organization a new model of organizational communication, a model that this thesis calls "engaged communication". This model is formed, in short, by five basic structures: communication totally focused on the search, revelation, analysis and solution of problems; the intensive use of face-to-face, open, free, democratic and transparent dialogue in gemba; visual management focused on revealing problems; respect for people (their visions, reports and experiences), and a relationship that is distinct from traditional between leaders and subordinates, based not on hierarchical power but on the sharing of ideas and experiences.