Esta dissertação é um estudo exploratório sobre o conceito de mediação cultural dialógica realizado a partir de oficinas de leitura comprometidas com o protagonismo cultural de crianças e adolescentes (00 a 18 anos) em situação de abrigo numa cidade do interior paulista a cerca de 80 kilômetros da capital. A metodologia utilizada foi a da pesquisa colaborativa e os dados foram analisados por meio das seguintes categorias: ambientes, ações, tempos, protagonistas e polifonia. Os resultados indicam que as mediações culturais realizadas no abrigo, centradas na singularização de crianças e jovens, foram capazes de romper com a impessoalidade, a frieza e a monotonia que marcam diversos aspectos da vida nos abrigos. Resistentes no início, à medida que as oficinas de leitura se desenvolviam e ganhavam corpo na dialogia todos os protagonistas (crianças, adolescentes, monitores e o próprio pesquisador) se reconheciam como parte destas ações, apropriando-se delas segundo suas expectativas e interesses específicos, criando vínculos com o mediador e com os livros, relacionando as leituras com outras atividades e práticas culturais, mostrando-se aptos a ressignificar o ato de ler. A mediação cultural dialógica, ao propiciar a singularização dessas crianças e jovens, permitiu a emergência de valores e significados para textos e contextos, para leitores e mediadores que se apresentaram como protagonistas culturais, categoria centrada no encontro e na vinculação com o outro.

This dissertation is an exploratory study of the concept of dialogical cultural mediation focused on reading skills workshops for the cultural protagonism of children and teenagers (0 to 18) at a shelter (in a city 80 kilometers from São Paulo). A collaborative research methodology was used so that data could be analyzed framed by the following categories: environments, actions, time, actors and polyphony. Results indicate that cultural mediations rooted in the singularization of children and teenagers empower them to break away from impersonal, cold and monotonous disciplinary practices. Resistant at first, all actors then engaged and enthused as the workshops were developed and reading became part of a dialogue among children, teenagers, instructors and the researcher herself. Actions could then be adapted to their expectations and specific interests, creating links with the mediator so as to connect elements in the books and readings with other cultural practices and activities. The act of reading was infused with new meanings as dialogical cultural mediation facilitated the singularization of children and teenagers. Readers and mediators became cultural protagonists a category founded on the encounter with the other.