O câncer de próstata (CaP) é uma doença de alta incidência entre os homens, e seu tratamento pode levar a diferentes complicações que impactam diretamente na qualidade de vida (QoL). As disfunções dos músculos do assoalho pélvico (MAP) manifestam-se em desordens miccionais, anorretais e sexuais, tendo importante relação com as intervenções para o CaP. Objetivo: O objetivo primário foi avaliar a função dos MAP após os diferentes tratamentos para o CaP. Ainda, avaliar a prevalência de queixas anorretais, sexuais e urinárias e, a QoL nos diferentes tratamentos para o CaP. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal que incluiu quatro grupos de pacientes: 1.Controle sem tratamento, 2. Tratados com Prostatectomia Radical (PR), 3. Tratados com Radioterapia (RT) e hormonioterapia (HT) e, 4. Tratados com PR+RT+HT. A avaliação dos MAP dividiu-se em: Avaliação funcional, através da palpação digital anal e através de eletromiografia de superfície (EMG) com probe anal. A avaliação clínica abordou os antecedentes urológicos, anorretais e sexuais pré e na fase aguda dos diferentes tratamentos. A presença de queixas urinárias, intestinais e sexuais tardias ao tratamento foram avaliadas através de questionários. A presença de incontinência urinária (IU), sua frequência e impacto nas atividades da vida diária (AVD) foram avaliadas através do ICIQ-SF. O questionário Quociente Sexual - versão masculina (QS- M) foi utilizado para avaliação da função sexual e a escala de Jorge Wexner para avaliação de Incontinência anal (IA). Para avaliação da QoL, foram utilizados os questionários QLQ-C30 e PR-25. Para análise estatística, utilizou-se o teste de Kruskal- Wallis nas variáveis quantitativas e, teste chi-quadrado nas qualitativas, considerando significativo p<0,05. Resultados: Foram avaliados banco de dados institucional com 2672 homens tratados, destes, participaram de todas as etapas da pesquisa 74 homens. Entre as queixas urinárias tardias, foi observada diferença significativa (p=0,02) entre os grupos, tendo o grupo RT+HT apresentado maior prevalência. O grupo PR+RT+HT apresentou maior prevalência de queixas sexuais, com diferença significativa (p=0,01. Na avaliação dos MAP, não houve diferença significativa entre os grupos, porém foi observada maior prevalência de grau 2 no grupo RT+HT, enquanto os outros grupos foi mais prevalente o grau 3 na palpação digital, graduada pela Escala de Oxford Modificada. Em relação aos questionários de QoL, o grupo PR+RT+HT apresentou piores valores na maioria das escalas, com diferenças significativas entre os grupos. Em relação ao ICIQ- SF, houve também pior pontuação daquele grupo, sendo os melhores resultados encontrados no grupo PR. O QSM e a escala de Jorge Wexner não apresentam diferenças significativas. Conclusão: A avaliação funcional MAP não demonstrou diferenças quando comparados os diferentes tratamentos oncológicos para o CaP. A terapia combinada PR+RT+HT demonstra piores valores de QoL, assim como maior prevalência da incontinência urinária

Prostate cancer (PCa) is a disease of great incidence among men, and its treatment can lead to different complications, which have a direct impact on quality of life (QoL). The dysfunctions of the pelvic floor muscles (MAP) manifest in voiding, anorectal and sexual disorders, having an important relation with the interventions for PCa. Objective: The primary objective was to evaluate the function of MAP after the different treatments for PCa. Secondarily, to evaluate the prevalence of anorectal, sexual and urinary complaints and to evaluate the QoL of patients who underwent different treatments for PCa. Methods: A cross-sectional study was carried out, which included four groups of patients: 1. Control without treatment, 2. Treaties with Radical Prostatectomy (PR), 3. Treaties with Radiotherapy (RT) and hormone therapy (HT) RT, HT and PR. The MAP evaluation was divided into: Functional evaluation through anal digital palpation and evaluation through surface electromyography (EMG) with anal probe. The clinical evaluation addressed the pre and acute urological, anorectal and sexual antecedents to the different treatments, through medical records, to analyze their prevalence. The presence of late urinary, intestinal and sexual complaints to the treatment were evaluated through questionnaires. The presence of urinary incontinence (UI), its frequency and impact on activities of daily living (ADL) were evaluated through ICIQ-SF. The QSM questionnaire for evaluation of sexual function and the Jorge Wexner's scale for the evaluation of anal incontinence (AI) were used. To evaluate the QoL, the QLQ-C30 and PR-25 questionnaires were used. For statistical analysis, the Kruskal-Wallis test was used in the quantitative variables, and chi-square test in the qualitative ones, considering a significant p <0.05. Results: 74 men were evaluated. Among the late urinary complaints, a significant difference (p = 0.02) was observed among the groups that received treatment with associated HT, and the RT + HT group presented a higher prevalence of complaints. Regarding sexual complaints, there was a significant difference (p = 0.01) in the pre- treatment complaints, with the group RT + HT + PR presenting the highest number of pre- RT complaints. In the MAP evaluation, there was no significant difference between the groups, with a higher prevalence of grade 3 in digital palpation, graded by the Modified Oxford Scale, with the exception of the RT + HT group, where grade 2 was most frequently found. Regarding the QoL questionnaires, the RT + HT + PR group presented worse values in most of the scales where there were significant differences between the groups. In relation to the ICIQ-SF, there were also worse scores of that group, being the best results found in the PR group. The QSM and the scale of Jorge Wexner do not present significant differences. Conclusion: The MAP functional evaluation did not show any differences when comparing patients who underwent different oncologic treatments for PCa. The acute effect of RT was characterized by a higher prevalence of irritative lower urinary tract symptoms, while patients who underwent PR showed a higher prevalence of urinary incontinence. The higher number of associated therapies demonstrates worse QoL values, as well as greater impact of urinary incontinence