Dados da literatura indicam que os fumantes apresentam distúrbios psiquiátricos e psicológicos em maior frequência do que os não fumantes. Esses fatores podem contribuir para o início do tabagismo, bem como para sua manutenção, e induzir dificuldades no abandono. Entretanto, não existe na literatura nenhuma escala construída com a finalidade de avaliar as características emocionais de fumantes frente aos cigarros, de maneira simples e rápida. Este estudo teve como finalidade desenvolver uma escala que avaliasse o estado emocional geral dos fumantes em face ao uso do tabaco. Para tanto, fumantes que procuravam ambulatórios de cessação de tabagismo em hospitais públicos do Município de Ribeirão Preto foram submetidos a entrevistas padronizadas. Indivíduos não fumantes foram selecionados entre funcionários dessas mesmas instituições e entre acompanhantes e familiares dos fumantes. Inicialmente, níveis de Ansiedade, Depressão, Estresse Percebido, Autoestima e Solidão de um grupo de 120 fumantes (idade mediana: 54,6 anos; 74 mulheres) foram comparados com os de um grupo de 76 não fumantes (idade mediana: 45,5 anos; 47 mulheres). Os fumantes mostraram valores significantemente piores do que os não fumantes, em todas as medidas investigadas. Correlações entre os escores dessas medidas psicológicas, além da característica Apego aos Cigarros, foram feitas com as medidas do Teste de Dependência a Nicotina de Fagerström (TDNF) no grupo de fumantes. Os parâmetros psicológicos mostrando as melhores correlações com o TDNF foram selecionados para fazer parte de uma escala de 6 itens chamada Teste Emocional do Fumante (TEF). As pontuações do TEF deste grupo inicial e de uma amostra adicional de fumantes (n = 102; idade mediana= 52,6 anos; mulheres = 63) foram submetidas a análises psicométricas e testes de validação. O TEF mostrou uma estrutura consistente de dois fatores, ansiedade / depressão e apego aos cigarros. As pontuações de TEF apresentaram correlações significativas com o TDNF (r=0,418), número de cigarros defumados (r=0,299), tempo antes de sentir necessidade de um novo cigarro (r=-0,441) e prazer em fumar (r=0,346). A consistência interna do TEF foi maior do que a dos escores de TDNF (alfa de Cronbach: respectivamente 0,712 e 0,542). A confiabilidade teste-reteste do TEF foi excelente (coeficiente de correlação intraclasse=0,944). As pontuações de TEF superiores a 4 puderam distinguir fumantes de não fumantes com sensibilidade de 87,3% e especificidade de 92,7%. Pode-se concluir que o TEF é um instrumento simples que dá uma estimativa do status emocional relacionado ao tabagismo e pode definir um novo e valioso constructo da dependência do tabaco. O TEF tem potencial para se tornar uma ferramenta útil nas intervenções de cessação do tabagismo

Literature data show that smokers exhibit psychiatric and psychological abnormalities in higher frequency than non smokers. These factors may contribute to smoking beginning, as well as to its continuity, and bring obstacles for quitting. However, there is not in the literature any scale designed to evaluate the emotional features of smokers. This study aimed at developing a new scale to evaluate the overall emotional status of smokers in face of tobacco use. Smokers who look for treatment in public smoking cessation clinics of Ribeirão Preto city were submitted to standardized interviews. Non smokers were selected among workers from these facilities and companions and relatives from the smokers. Levels of Anxiety, Depression, Perceived Stress, Self Esteem, and Loneliness of a group of 120 smokers (median age: 54.6 years; 74 women) were compared with those of a group of 76 non smokers (median age: 45.5 years; 47 women). Smokers showed scores significantly worsen than non smokers regarding these measures. Correlations between these psychological scores, plus the feature Attachment to Cigarettes, and FTND counts were explored among smokers. Psychological features showing the best correlations with FTND were selected to be part of a 6 item scale called Smoker's Emotional Test (TEF). TEF scores of this initial group and of an additional sample of smokers (n=102; age= 52.6; women= 63) were submitted to psychometric analyses and validation tests. Results: TEF showed a consistent structure of two factors, Anxiety/Depression and Attachment to Cigarettes. TEF scores showed significant correlations with TDNF (r=0.418), number of smoked cigarettes (r=0.299), time to urge for a new cigarette (r=-0.441) and pleasure of smoking (r=0.346). The internal consistency of TEF was higher than that of FTND scores (Cronbach's alpha: respectively 0.712 and 0.542). The test-retest reliability of TEF was excellent (intraclass correlation coefficient=0.944). TEF scores higher than 4 could distinguish smokers from nonsmokers with sensitivity of 87.3% and specificity of 92.7%. In conclusion, TEF is a simple instrument that gives an estimative of smoking-related emotional status and may define a new valuable construct of tobacco addiction. TEF has the potential to become a useful tool in smoking cessation interventions.