Este estudo de caráter teórico-prático busca analisar algumas considerações sobre o processo projetual do design de espaços e instalações designadas ao livre brincar infantil, enfocando o posicionamento e atuação das crianças durante a concepção e realização de tais projetos, refletindo sobre o possível deslocamento delas de meras usuárias a coautoras ou colaboradoras. O objetivo é delinear premissas e considerações de projeto de espaços designados ao livre brincar infantil, atrelando-as a temas relativos ao desenvolvimento pleno das crianças, segundo os campos da psicologia do desenvolvimento e antropologia, com enfoque na possibilidade de atuarem como colaboradoras neste processo complexo de criação do campo do design. Talvez, de tais esforços, surjam novas formas de respostas projetuais para o brincar. Como recorte desta pesquisa, serão analisadas propostas contemporâneas que se realizam essencialmente por meio uma técnica simples, de baixo custo, de fácil manutenção e acessível a todos: a pintura no piso. Juntamente com estes projetos, serão discutidas as produções de Mayumi Watanabe de Souza Lima e Elvira de Almeida, cujos parâmetros e abordagens concorreram para a elaboração de um panorama em que os deslocamentos do usuário puderam ser evidenciados. A partir de entrevistas com dois escritórios de arquitetura e design, com uma educadora- -documentarista e uma psicóloga-ativista, e da análise do brincar, por meio de observações numa via elevada, oficinas lúdico-participativas e experimentações com crianças de uma escola municipal, estabeleceram-se discussões sobre a forma como elas se relacionam com os espaços e seus elementos para subsidiar a elaboração de algumas considerações relativas ao processo projetual do design, tomando as perspectivas dos usuários, suas vozes e seus anseios como elemento estruturador. Isto sugere que se tornou urgente repensar o processo de projeto, o papel do arquiteto ou designer, sua responsabilidade socioambiental e econômica, as relações entre quem projeta e para quem se projeta e, talvez, incorporar, além de novos métodos projetuais, novas formas de interação com os entes envolvidos, tempo e espaço para experimentações. E, supostamente, estas estratégias poderão nos levar a outras formas de conceber espaços para um brincar pleno e a uma possível reinvenção do design.

This theoretical and practical study seeks to analyze some considerations about the design process of spaces and facilities designated to the free play of children, focusing on the children's positioning and performance during the design and implementation of such projects, reflecting on their possible shift from users to co-authors or collaborators. The objective is to outline design premises and considerations on spaces designated for free play of children, associating them to themes related to the full development of children, according to the fields of developmental psychology and anthropology, focusing on the possibility of acting as collaborators in this complex process of creation of the design field.Perhaps from such efforts new forms of design responses to the playing process can emerge. As a research framing, contemporary proposals will be analyzed, which are carried out essentially through a simple, low cost, easy maintenance and accessible to all technique: pavement painting. Together with these projects, the productions of Mayumi Watanabe de Souza Lima and Elvira de Almeida will be discussed, whose parameters and approaches contributed to the elaboration of an overview in which the user's shift could be highlighted. Based on interviews with two architecture and design offices, with an educator-documentarist and a psychologist-activist, and through the analysis of playing resulting from observations on an elevated street, play-participatory workshops and experimentations with children from a municipal school, discussions were held on how they relate to spaces and their elements to support the elaboration of some considerations related to the design process, considering the users' perspectives, their voices and their desires as a structuring element. This suggests that it became urgent to rethink the design process, the role of the architect or designer, their socio-environmental and economic responsibility, the relationships between who designs and who it is designed for, and perhaps to incorporate, in addition to new design methods, new forms of interaction with the involved actors, time and space for experimentation. And, presumably, these strategies could lead us to other ways of designing spaces for full play and a possible reinvention of design.