A globalização é um fenômeno amplamente estudado, em suas facetas econômica, social e cultural. Do ponto de vista da Administração, configura-se como ação estratégica das empresas, em busca de maior competitividade produtiva e extensão de mercados demandantes. O setor da propaganda, provedor de um serviço corporativo de apoio na cadeia de valor de empresas fabricantes ou prestadoras de serviços finais, pode ser visto tanto como reflexo quanto propulsor da globalização: se, por um lado, segue seus clientes para atendê-los além das fronteiras nacionais, por outro cria com as suas redes geograficamente pulverizadas a possibilidade de desenvolvimento de campanhas globais, incentivando outras empresas a se empenharem na internacionalização. Contudo, a complexidade das operações de comunicação integrada entre diversos países obriga as agências de propaganda a redesenharem suas estruturas organizacionais. As suas atividades, fortemente dependentes de informação, não se enquadram com facilidade nem nos modelos centralizados (que ignoram as especificidades locais de cada mercado) nem nos descentralizados (que reduzem os benefícios integradores da agência de alcance global). Este estudo descreve como duas agências de origem norte-americana que se instalaram no Brasil por meio de abertura de filiais próprias adaptam suas estruturas organizacionais para atender seus clientes internacionais. Para tanto, realizou-se um estudo de casos múltiplos, com a análise de duas agências de consolidada presença no mercado brasileiro: a McCann-Erickson (instalada no país desde 1935) e a J. Walter Thompson (a partir de 1929). A fonte principal de dados da pesquisa foram quatro entrevistas junto a executivos-chave na gestão de contas globais. A investigação empírica corroborou o modelo proposto por VARDAR e PALIWODA (1993) de que as agências de propaganda mimetizam as estruturas de coordenação global e regional de seus clientes. Este espelhamento facilita os fluxos de informação e decisão intra e inter-organizacionais, ao criar contrapartes nas agências para os principais núcleos decisórios do anunciante. Com esse objetivo, as redes de propaganda mantêm estruturas matriciais que lhes permitem espelhar simultaneamente seus múltiplos clientes. A política de negócios revelada pelos estudos de caso indica uma orientação ao mercado por parte das agências, que buscam por meio de sofisticados mecanismos adaptativos cultivar relacionamentos de longo prazo junto aos anunciantes.

Globalization is an extensively studied phenomenon, in its economic, social, and cultural dimensions. From the standpoint of Administration, it is configured as a strategical action of companies in search of better productive competitiveness and broader consumer markets. The advertising industry, caracterized as a corporate service backing up the value chain of final goods or services, may be seen either as cause as consequence of globalization: if, on one hand, it follows its clients to serve them beyond national frontiers, on the other it creates, with its geographically pulverized networks, the possibility of global campaign development, fostering the internationalization of other enterprises. However, the complexity of the operations envolved in globally integrated communication forces advertising agencies to rethink its organizational structures. Their activities, strongly information-dependent, do not fit well in centralized models (as they ignore local especificities), nor in decentralized ones (as they neutralize the integrating benefits of global networks). This essay describes how two US-based agencies with local representation in Brazil (through wholly-owned affiliates) adapt their organizational structures to serve globalized clients. Hence, the research method used was a multiple case study, analysing two agencies with strong relevance in the brazilian market: McCann-Erickson (running its local branch in Brazil since 1935) and J. Walter Thompson (sinca 1929). The main data sources were four personal interviews with key executives in the management of global accounts. The empirical investigation corroborated the hypothesis proposed by VARDAR and PALIWODA (1993), according to which advertising agencies mimic their clients global and regional coordenation structures. This mirroring effect facilitates the flow of information and decisions in and between organizations, by creating agency counterparts for every decision-making node observed in the advertisers structure. In order to achieve this, advertising networks use matricial structures which allow them to simultaneously mirror their multiple clients. The business policy revealed by the case studies indicates a market-driven strategy adopted by agencies, in search of long-term relationships with advertisers through sophisticated adaptive mecanisms.