O setor agropecuário brasileiro experimentou nas últimas décadas elevados ganhos de produtividade, fato esse que tem sido amplamente debatido na literatura econômica sobre o tema. O crescimento da produtividade agropecuária permitiu um amplo processo de liberação de mão de obra para as atividades urbanas e, especialmente, para o setor de serviços, possibilitando a ocorrência de mudança estrutural com redução da importância do setor primário na economia brasileira. A presente dissertação tem, dessa forma, dois objetivos, constituindo-se o primeiro a implementação de um modelo dinâmico de equilíbrio geral ajustado para refletir o padrão de mudança estrutural observado no Brasil entre 1981 e 2013. A análise insere-se na visão de que o crescimento da produtividade do setor primário é condição necessária para a mudança estrutural das economias ao longo de seu desenvolvimento, diferenciando-se, portanto, da abordagem que atribui o processo de mudança estrutural à presença de diferentes elasticidade-renda no consumo dos bens produzidos por cada setor. O segundo objetivo é utilizar o modelo calibrado para examinar um cenário hipotético em que a produtividade agropecuária comportar-se-ia como o observado para a economia brasileira, avaliando suas implicações sobre as participações de três setores (agropecuária, indústria e serviços) no valor adicionado total a preços correntes e no emprego. Especificamente, o modelo utilizado foi inspirado em Verma (2012) que constitui, por sua vez, uma adaptação empírica do modelo teórico proposto por Ngai e Pissarides (2007), e tem como mecanismo para a ocorrência de mudança estrutural o crescimento diferenciado da produtividade total dos fatores (PTF) em cada setor da economia. O modelo base foi calibrado a partir de dados observados e revisão bibliográfica, e solucionado numericamente incorporando as séries de crescimento das PTFs dos três setores, obtidas por decomposição do crescimento à la Solow (1957), e reproduziu de maneira adequada o nível e, principalmente, tendência das participações no valor adicionado. A partir dos resultados obtidos, a simulação realizada sugeriu que em um cenário de baixo crescimento da produtividade agropecuária, a mão de obra do setor não teria sido liberada na magnitude em que efetivamente ocorreu, implicando a manutenção da participação deste setor no emprego e no valor adicionado, às custas do setor de serviços que haveria, então, passado por uma desaceleração do crescimento de suas participações nestas duas medidas de mudança estrutural.

In the last decades, Brazilian agriculture has experienced high productivity gains, as discussed by many studies in the economic literature. The agricultural productivity growth has allowed for a wide transfer of labor from agriculture to urban activities, especially to services sector, enabling the structural change process by reducing the primary sector share in Brazilian economy. This thesis has two objectives; the first one is the implementation of a dynamic general equilibrium model which capture the Brazilian structural change patterns between 1981 and 2013. The second objective is to simulate an alternative scenario in which agricultural productivity would have grown at the same rate as Brazilian economy's productivity has grown. More specifically, the model adopted was based on Verma (2012), which is an empirical adaptation of the theoretical model developed by Ngai and Pissarides (2007), which assumes that differences in sectoral total factor productivity (TFP) growth are the main mechanism for structural change occurrence. The baseline model was numerically solved after calibration with real data and literature review, and obtainment of sectoral TFP growth series by growth accounting à la Solow (1957), and it reproduces robustly the level and trend of the three sectors' value added shares in the economy. The alternative scenario's simulation suggests that in the presence of low agricultural productivity growth, the labor would not be released from agriculture at the same magnitude, what would imply in a lower growth of service sector's shares in the stylized measures of structural change.